COLUNA SOCIAL
Continuando, com brilhantismo e distincção peculiares às suas recepções, a aristocrática cortezia dos cavalheiros visitados anteriormente, o sr. cel., João Porciúncula, membro destacado do nosso auto commercio, abriu sabbado último os seus salões para a segunda HORA DE PRIMAVERA.
A família Porciúncula é uma dessas expressões tradicionaes e legítimas da acolhedora affabilidade parahybana, e em cujos salões se costuma reunir, parte do nosso mundo chic.
Às 20 horas deu-se inicio à funcção. O sr. Peryllo Doliveira foi o “cabaretier”. Com a sua voz, algo plangente, avisa o primeiro numero de dansa.
O salão ostentava uma pompa sóbria e alegre de cortinas e lustres.
Pelas chaises, que se dispunham de modo a dar a mais possível amplitude ao recinto, sorriam à deliciosa naturalidade dos seus attractivos, mlles: Eimar Pinto Pessoa, com a profunda ternura dos seus grandes olhos encantadores; retrahidas (porque?) Nevinha Oliveira, uma figurinha gentilíssima de Watteau, e Odette Gaudencio, com seu idonaire de garça; Iracy e Iracema H. Maia – duas lindas irmãs; Nini e Marha Porciúncula, duas fadas gentis que alindavam o salão. Realçava, embora naturalmente retrahida, a fidalga belleza de mme. Brazão e Silva; mme. é uma prova adorável da esthasia de seu marido, o apreciado belletrista paraense.
Como um vasto ramilhete da mais floral fascinação, attendiam aos que se lhes dirigiam amabilíssimos, mlles: Maria Isabel Leite, Zenayde Silva, Yolanda Seixas, Áurea Pinto Pessoa, Nautilia Freire, Helena Beiriz, Dedé Athayde. Odacy G. de Queiroz, Maria do Carmo Veloso, Maria do Carmo Oliveira, Dardna e Dedra Lima, Servula Velloso, Ninalia Freire, Anayde Beiriz, Maria e Deborah Seixas, Elza e Oda de Queiroz, Zezita Beiriz, Clélia Seixas, Jacyntha Dantas. Assistiram às danças, mmes: Dr. José Gaudêncio, Antônio Jayme Seixas, Dr. Eduardo Pinto e d. Josepha Henriques de Sá.
Mme. João Porciúncula fazia irreprehensivelmente as honras da casa, a todos distribuindo a gentileza e cordialidade de suas attenções.
Seguiram-se, intervallando-se, os números de dança e récita. O sr. Peryllo Doliveira disse aquelle poemeto seu, a “Aldeia Branca em que nasci”: uma das admiráveis canções que lhe ensinou a vida. O mavioso poeta pôde mais uma vez constatar o quanto enthusiasma ao dizer as suas canções. De Lyra e César foi por demais applaudido. Demetrio Tolêdo na altura dos seus successos anteriores. S. Alves Ayres, sempre o conteur regionalista, evocativo e suavemente irônico, que faz rir e, ao mesmo tempo, pensar...Brasão e Silva cada vez mais digno das palmas parahybanas; Gilberto Leite, de um chiste intensamente communicativo; Raul de Góes, interressantissimo. Elle enternece tantos. Orris Barbosa, o conteur domestico, com o irresistível pittoresco dos seus typos burguezes; Anayde Beiriz, a delicada conteuse, dando a tudo que diz esse encanto e delícia que só o espírito feminino sabe dar; Mario Campello mostrou-se muito promissor. O jovem maestrino Lourenço Barbosa, executou ao piano, bellas composições bellas composições de seu repertório. Leu depois uma das suas chronicas, o illustre médico e homem de letras dr. J. Maciel sendo vivamente applaudido. Dr. Eduardo Pinto, leu um trabalho de irresistível humorismo despertando sensacional hilaridade na assistência que o obrigou ruidosamente a bisar...
O sr. Peryllo Doliveira, o “cabaretier” infatigável, grita um attention!!! E apresenta à assistência, especialmente às senhoritas, um poeta que ellas conhecem muito: Eudes Barros. O sr. Eudes Barros leu uma quadrinha.
- Só? Perguntam-lhe.
- Só... Respondeu o poeta.
Após o penúltimo numero de dança, o cabaretier agradecendo em nome dos companheiros a distincta acolhida da família Porciúncula, deu em seguida, a palavra ao estimável cel. João Porciúncula, que exaltou a idéa dos jovens intelectuaes que, com as suas reuniões, dão um tão alto cunho de illustração e encanto à vida social da Parahyba. O cel. Porciúncula mereceu palmas prolongadas.
Finalizando a reunião falou, por sua vez, dr. José Gaudêncio de Queiroz.
A soirée de sabbado último foi mais uma victoriosa affirmativa da sympathia e acceitação que vêm despertando em nosso meio as aprazíveis reuniões de intelligencia e elegância, promovidas pelos NOVOS.
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