terça-feira, 26 de outubro de 2010

JUIZA RENUNCIA NO ACRE APÓS SER ALVO DA PF


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIO BRANCO (AC) - A juíza eleitoral do Acre Arnete Guimarães renunciou ao cargo na manhã de hoje. Ela foi filmada e fotografada pela Polícia Federal visitando o apartamento da mulher do senador eleito Jorge Viana (PT), no dia 2 de outubro, horas antes de conceder um mandado de segurança que beneficiava o candidato.

Guimarães foi nomeada para o cargo por indicação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), cumprindo um mandato de dois anos na Justiça Eleitoral. Quando Viana era governador em 2003, ela havia sido indicada para um cargo na administração do Estado.

Viana está sendo investigado por suposta compra de votos. Um dia antes do primeiro turno das eleições, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão no escritório dele, em Rio Branco, após ordem do juiz Romário Divino Farias, da 10ª Zona Eleitoral.

O juiz disse à Folha que recebeu denúncia anônima de que os computadores do escritório guardavam listas de eleitores. Viana nega.

Na ocasião, a PF aprendeu dois laptops, três discos rígidos e cinco pendrives de Viana, que também é irmão do governador eleito Tião Viana (PT). No mesmo dia, o senador eleito entrou com um mandado de segurança no plantão do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) para impedir a perícia.

O mandado foi concedido por Arnete Guimarães, que determinou a devolução do material e a eliminação dos arquivos.

O Ministério Público Federal reagiu à decisão e pediu a suspeição da juíza e seu impedimento para julgar o feito. Os procuradores anexaram ao processo imagens que demonstrariam que Arnete esteve no apartamento da mulher de Viana poucas horas antes de sua decisão.

O mandado acabou sendo suspenso pelo presidente do TRE do Acre, Arquilau de Castro Melo.

Em sua carta de renúncia, a juíza afirmou ser vítima de "acusações levianas".

"Nos últimos dias, a minha honra, dignidade e capacidade técnica vêm sendo postas em xeque por acusações levianas, órfãs de verdade e com o fito claro de manter acesa a chama de uma disputa eleitoral superada no último dia 3 de outubro. Tenho mais de 30 anos de vida pública sem que haja uma pequena nódoa que desabone a minha conduta profissional ou pessoal", afirmou na carta.

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