terça-feira, 25 de agosto de 2009

POLÍCIA ÚNICA E CIVIL


Dois terços dos praças e oficiais das Polícias Militares do país defendem mudanças no modelo de polícia e mais da metade dos policiais civis e militares prega a unificação das corporações. Os dados fazem parte de uma pesquisa inédita realizada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em parceria com a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) e o Ministério da Justiça, sobre policiais, guardas municipais, bombeiros e agentes penitenciários do país.Com 64.130 questionários respondidos, a pesquisa O Que Pensam os Profissionais de Segurança Pública, no Brasil, será divulgada hoje, em Brasília. As respostas ajudam a compreender e a interpretar a atuação das polícias no país.Ao responderem a pergunta “Qual o modelo ideal de polícia?”, 35% defenderam a unificação das corporações, longe da disciplina e do rigor militar, e 15% manifestaram-se pela criação de uma única polícia militarizada. Mas a maioria (50%) defende uma nova e única polícia. Atuação condicionada a um determinado tipo de crime foi defendida por 12%.Para Marcos Rolim, professor de Direitos Humanos do Centro Universitário Metodista do Rio Grande do Sul (IPA) e um dos três pesquisadores responsáveis pelo estudo, o fato de a metade defender a unificação deve ser interpretado com cautela.
– Em todo mundo moderno, a tendência é diversificação de polícias, criando mais outras forças. As polícias enormes, pesadas, são ineficientes e difíceis de administrar – opina Rolim.Maioria diz que tolera corrupção dos colegas. Para o pesquisador, os dados indicam “necessidade de mudança”.– A constatação mais importante é que os policiais não estão satisfeitos com o modelo de polícia existente – opina Rolim.Diretor da Academia da Polícia Civil do Rio Grande do Sul (Acadepol), delegado Mario Wagner acredita que os resultados indicam necessidade de se repensar as polícias.– As polícias hoje precisam defender as garantias individuais do cidadão, nas suas relações entre si. É uma mudança de foco no sentido de se buscar uma prestação de serviços mais eficiente – pondera o delegado.Com 29 anos de dedicação à Polícia Civil, Wagner defende a preservação da identidade das duas corporações bicentenárias:– Juntar as duas identidades, agora, seria um fracasso.O conteúdo de algumas respostas é revelador. Ao responderem, por exemplo, o que fariam se flagrassem um colega recebendo propina, 42% disseram que conversariam e pediriam que o parceiro não fizesse mais e 25% fingiriam não terem visto a cena – ou seja, 65% não prenderiam em flagrante o corrupto. Um em cada cinco denunciaria o companheiro de corporação e apenas 2% pediriam para dividir a propina.
– Fica evidente as limitações de formação e de compromisso moral de parte dos policiais brasileiros – alerta Rolim.


Fonte: Zero Hora

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