quarta-feira, 25 de novembro de 2009

DEPUTADO CONFESSA USO DE FANTASMAS


Uma gravação obtida pelo Congresso em Foco revela a prática de um expediente conhecido em tese, mas raramente flagrado: a contratação de funcionários fantasmas com o intuito de desviar a verba de gabinete. Na gravação, o deputado licenciado Paulo Bauer (PSDB-SC)na foto a direita, admite que usou uma funcionária fantasma para repassar a verba para um correligionário no estado. Na conversa, o deputado afirma a um ex-servidor da Casa que mandou dois assessores procurarem “uma mulher” para “emprestar o nome”. Essa é a gíria para o esquema: “emprestar o nome” significa aceitar a contratação sem ficar com o salário integralmente, de modo a que os recursos possam ser desviados.

Paulo Bauer é secretário de Educação de Santa Catarina. Em seu lugar, está Acélio Casagrande (PMDB-SC).foto a esquerda oficialmente, a pessoa que “emprestou o nome” é lotada no gabinete de Acélio. Na prática, como se constata pela gravação, o que ela ganha de salário é repassado para um correligionário de Bauer em Santa Catarina, o ex-presidente da Câmara Municipal de Joinville, Fábio Dalonso, do PSDB.

O áudio foi feito pelo ex-servidor da Câmara José Cláudio da Silva Antunes, na manhã de 27 de maio de 2009, uma quarta-feira, em meio à divulgação da farra das passagens aéreas. O então servidor admitira a Bauer – a quem era subordinado, apesar de estar no gabinete de Acélio – que vendera a cota de passagens aéreas a um agente de viagens. Cláudio afirma que fez tudo a mando do ex-chefe de gabinete do deputado licenciado, João José dos Santos, que nega a ordem. Bauer vem a Brasília, chama Cláudio para explicar o assunto, mas o servidor grava toda a conversa. E ela acaba enveredando para o esquema de contratação de funcionários fantasmas.

Trecho da conversa
Leia tudo – Ouça o áudio

BAUER – Bom, a verdade é a seguinte. Os que eu contratei todos trabalham, de lá do estado. A Mirela, a Mirela trabalha, o [inaudível] trabalha, o Reginaldo trabalha (...) A mulher do Petrônio trabalha. São pessoas conhecidas e identificáveis.(...) Só uma pessoa de Brasília que foi colocada, a meu pedido, porque não dava para colocar o Fábio Dalonso.
CLÁUDIO – Huhum...
BAUER – Certo? Isso por um tempo. Agora, tanto é que o dinheiro que essa mulher recebe é passado mensalmente, pro Fábio Dalonso, dia 20, 25. Não sei se você tem conhecimento disso.
CLÁUDIO – Não tenho não, senhor.
BAUER – Pra todos os efeitos, uma pessoa, eu pedi pro João, se ele poderia encontrar alguém que poderia emprestar o nome.

De acordo com o áudio, a funcionária foi contratada a pedido do deputado, por meio de João Santos. O dinheiro ficaria com Fábio Dalonso, ex-presidente da Câmara Municipal de Joinville (SC) e que, com o apoio de Bauer, tentará disputar em 2010 pelo PSDB uma vaga de deputado estadual. Na conversa, o deputado diz que os valores eram repassados a Dalonso por volta do dia 20 ou 25 de cada mês.

“Tanto é que o dinheiro que essa mulher recebe é passado mensalmente, pro Fábio Dalonso, dia 20, 25”, diz o deputado Bauer, na gravação obtida pelo Congresso em Foco.

A dona do “nome emprestado”, segundo Cláudio Antunes, seria Selma Batista dos Santos, namorada de seu irmão Carlos Silva. Segundo os boletins administrativos da Câmara, Selma foi nomeada para o gabinete de Acélio Casagrande em 9 de fevereiro de 2009, como secretária parlamentar SP-28, o maior salário da categoria, de R$ 4.020 mensais.

Fonte: Congresso em Foco

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