sábado, 11 de setembro de 2010

PRIMAVERA DE ESPINHOS


José Virgolino de Alencar

As eleições brasileiras de 2010 estão se aproximando, com o 3 de outubro prometendo um dia primaveril cheio de espinhos e nada de flores.

Amante do cordel popular, do poema rimado, metrificado e ritmado, estou fazendo em versos a análise nada alvissareira do que vem sendo pintado nos céus do país, um panorama sombrio, penumbral, e, ao contrário do que diz Tiririca, um candidato bem representativo do Brasil que o lulo/petismo está desconstruindo, pior do que está ainda pode ficar. Curtam, ou esculachem, mas reflitam. JVA


Ah primavera, onde estão as flores

Que costumavam contigo desabrochar?

Uma tempestade de espinhos é o que

Se desenha no céu do Brasil, poluindo o ar

Com a sujeira moral soprada pelos ventos

Redemoinhados por uma súcia de elementos

Que abrasam a estação primaveril, antes florida,

E abrem no coração do país maligna ferida.

Em plena outubrina primavera, serão dores

Que o Brasil, nesta quadra insólita, enfrentará;

A tramóia, a farsa, criminosos atos, são o que

Vislumbramos e, irresignados, deveremos tragar

À força, no funeral de nossos nobres sentimentos,

Na imposição de indigestos e únicos pensamentos,

Dissipando-se nos ares a construção de uma vida

Em que tanto se lutou por essa pátria querida.

Nessa primavera não falaremos de amores,

Porque o mal encontrou seara fértil para se fincar;

Tristeza, angústia, impotência, tudo isso é o que

Faz a nação anestesiada, acomodada, se anular,

Renunciar aos direitos, fugir dos enfrentamentos,

Calar-se, emudecer-se, não reagir; e os momentos

De oportunidade para recuperar a dura lida

Esvaem-se esterilizados, a nação queda-se rendida.

Ah primavera, secaste, não terás mais flores,

Ao domínio da ignomínia estás a te entregar;

Perdeste a paciência, a esperança; e resta o que

Os meliantes decidiram que aqui deve reinar

E, inda por cima, pagaremos caros emolumentos

Com gravames em que, se não quitados os pagamentos,

A dívida, entre todos nós, cidadãos, deverá ser dividida,

Se negarmos, cairemos sob o risco de perder a própria vida.

Ah primavera, estás chegando como um filme de horrores

Que uma corja encena numa peça para nos assombrar;

Os dráculas, os vampiros, sanguessugas, são os que

Protagonizam a fita, levando o país/espectador a se assustar,

A remexer-se nas cadeiras, sentir pavor nos assentos

Dessa casa tenebrosa, vendo na tela estremecimentos

Que acuam e deixam a platéia naquela sala escurecida

Como cego em tiroteio, com medo de uma bala perdida.

Que primavera triste, folhas secas e sem cores

Espalhadas pelo chão, fazendo a nação chorar;

Enterro da ética, da moral, da vergonha, são o que

Com certeza representa o patrimônio a herdar

Pelas gerações pósteras, nossos prosseguimentos,

Nosso sangue, nossa cria, nossos amados rebentos,

De cujo orgulho, se frustrado, nos dará uma caída,

Porém é a nação que ficará na miséria estendida.

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