sábado, 25 de setembro de 2010

WATERGATE X LULAGATE


Watergate X Lulagate



José Virgolino de Alencar



Acho que, apesar da distância no tempo, ainda é grande o número de pessoas que lembram do episódio Watergate, quando assessores do presidente Nixon invadiram o edifício onde funcionava o comitê do Partido Democrata e fuçaram nos dados e informações eleitorais guardados na sala pertencente à oposição.

Ao pipocar nas páginas do Washington Post, o assunto terminou no impeachment de Richard Nixon e o político republicano caiu em desgraça e nunca mais foi nada na política americana.

Depois do famigerado episódio, qualquer caso de corrupção na área pública recebia, na designação jornalística, o acréscimo da palavra “gate”. Virou moda.

Tivemos, como exemplo, o Collorgate, quando também foi defenestrado por impeachment o presidente Collor.

O uso e abuso do termo terminou por retirá-lo de moda e já não se apelida mais os “Casogates”.

Porém, não custa nada, para reavivar a memória da opinião pública frente aos eventos atuais de ocorrências condenáveis, batizar os novos episódios de corrupção explícita cometidos no governo lulopetista, acrescentando a palavra “gate”.

Nesse imbróglio da ex-ministra Erenice Guerra, alguém chegou a chamá-lo de “Erenicegate”, outro, pela proximidade da ministra defenestrada com a sua ex-chefe e muitíssima amiga Dilma Rousseff, sugeriu o termo “Dilmagate”.

Ocorre que, para definir melhor a responsabilidade pelos episódios seriados da Casa Civil do governo Lula, deve ser ressaltado que os fatos subordinam-se diretamente ao chefe maior da Casa, no caso, o presidente da República. Foram tantos os negócios, as transações suspeitas, as ações de lobistas, o envolvimento de parentes e aderentes dos dirigentes que trabalham em sala contígua ao do chefe de governo, que não se pode aceitar a mera escapatória do presidente afirmando que não sabia.

A grande movimentação de pessoas que não tinham funções no governo, mas que davam verdadeiro expediente na Casa Civil, diuturnamente, renitentemente, levaria qualquer pessoa que chefia um setor público a desconfiar e discretamente averiguar e se informar do que acontecia bem diante de suas barbas.

Por isso, apesar de ser uma tecla batida, o episódio, já na casa milesimal do atual governo, não pode deixar de ser chamado de “Lulagate”, porque, seja por ação ou por omissão, ele deve ser responsabilizado e para isso se tem os instrumentos legais à disposição do Congresso Nacional, do Ministério Público e da Justiça, um conjunto de normas que permite uma ação de responsabilização do presidente da República.

Se não se consegue levar à frente o caso “Lulagate”, classifiquemos então esta nação de “Brasilgate”, ou seja, um país que tem seus princípios básicos norteados pela ativa ação dos corruptos, tem a Constituição da corrupção, onde o capítulo fundamental que abre a carta magna deve ser reescrito da seguinte maneira: “TÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CORRUPNAÇÃO”.

Assim, em obediência a essa neo-Bíblia Política nacional, ninguém denuncie ou fale sobre os atos anti-éticos, imorais, as patranhadas, as bandalheiras, enfim, o assalto ao tesouro nacional.

Será inconstitucional fazê-lo e pode dar cadeia.

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