segunda-feira, 10 de maio de 2010

UMA FILHA QUE CHORA PELA MÃE

Hhomenagem feita por Anna Carla Lopes, filha da Procuradora Fátima Lopes, que morreu ao 55 anos no dia 24 de janeiro deste ano, vítima de um acidente automobilístico na Avenida Epitácio Pessoa, na Capital.

Fátima no momento do acidente, acompanhava seu marido, Carlos Martinho Correia Lima, quando foi atingida por uma camioneta dirigida por Eduardo Henrique Parede do Amaral, 32 anos, que teria avançado o sinal em alta velocidade no cruzamento que é o principal acesso ao bairro de Miramar.

Informações de testemunhas dão conta de que Eduardo conduzia seu veículo a aproximadamente 100 km/h.


Sob o título “A Minha Mãe, com todo Amor”, Anna Carla Lopes escreve:



Outrora me entristecia o anoitecer, pois o dia aproximava-se do seu fim e, obrigatoriamente, mais uma data, composta por sua manhã, seus momentos, sua tarde, instantes jamais voltariam.

Hoje, transbordando uma melancolia e tristeza infindáveis, torço para que as horas acelerem como o bater das asas de um beija-flor, pois a vida que venho levando, antes tão intensa, parece ter ganhado uma nova cor, a qual me reporta a tardes frias de um inverno cinzento, sem brilho.

Foi naquela manhã do dia 24 de janeiro de 2010 que teve início esta saga de dor e saudade que insiste em me maltratar e fazer-me crer que a felicidade não baterá mais em minha porta, como um dia já bateu e que por tantos anos circulou entre as linhas e entrelinhas da minha vida.

Acordei naquele domingo sem o seu beijo matinal, sem o seu abraço confortante, sem a imagem da senhora na rede a ler o jornal, sem a mesa posta do nosso café da manhã, sem o seu sorriso estampado no rosto, enfim acordei com a sua ausência eterna, com a triste notícia de que a senhora teria ido para um outro espaço, bem longe dos nossos braços, do nosso aconchego, vítima de um assassino insano.

Foi junto com a senhora a metade de mim e as belezas da vida. Arrancaram-na do nosso jardim impiedosamente, deixando um vazio a ecoar o desejo dos seus abraços, dos seus beijos, ensinamentos, determinação, bondade e humildade. O que fazer agora?? Como seguir sem sua presença?? Como é difícil olhar pela porta da nossa casa e não vê-la mais chegar. Como me dói ter que me contentar com os beijos das suas fotos, com os cheiros dos perfumes que a senhora deixou a meio frasco, com as roupas expostas no seu guarda roupa.

A senhora, minha mãe, fazia parte dos meus sonhos mais sublimes, era quem impulsionava minha vida, quem se fazia presente mesmo que o trabalho a ausentasse muitas vezes do nosso lar. Você, mãe, foi quem lapidou meu coração, quem moldou minha alma, quem me mostrou os corretos valores e princípios a serem seguidos.

Por que deixei de abraçá-la e beijá-la quando a pressa do dia a dia me impediu a isso?? Por que não disse que a amava em cada ligação que a senhora dava para mim durante todo o dia?? Mas que valha o meu imenso e inesgotável amor pela senhora por tudo que deixei de fazer e dizer a seu favor.

Oh mãe, como eu queria ser apenas energia, longe desta matéria, para conseguir um afago seu. Como eu queria que esse céu azul tivesse um limite, onde você estivesse do outro lado em meio a orquídeas brancas e eu pudesse, como um pássaro a transcender o espaço, vê-la novamente.

Não sei como será meu futuro sem a sua presença, minha mãe, mas peço a Deus, incessantemente, que ele amenize um pouco essa minha dor, porque essa saudade jamais será arrancada ou curada do meu coração.

Esse dia das mães, o primeiro sem a senhora, não terá qualquer graça, mas onde quer que a senhora esteja, saiba que eu, Carol e Davi a amamos hoje e cada dia mais, muito além do infinito.

Até breve, minha mãe. Feliz dia das mães.

Amo para sempre.

Cacá.

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