sexta-feira, 6 de agosto de 2010
IDOSA DE 108 ANOS QUER VOTAR
Belo Horizonte - Nascida em 23 de novembro de 1901, Olga de Almeida Fiuza, 108 anos, ex-professora e moradora do Bairro Anchieta, em Belo Horizonte (MG), não abre mão de exercer o direito ao voto. Sem considerar o tempo uma barreira, hoje ela vai comparecer a uma zona eleitoral próxima de sua casa para retirar a segunda via do título de eleitor, que, este ano, passa a ser obrigatório para ir às urnas, com um documento de identidade. “Só deixei de votar na vida quando adoeci, mas foram pouquíssimas vezes”, lembra. Eleitora mais antiga de Belo Horizonte que ainda vai às urnas, ela completa 109 anos exatamente um mês depois do primeiro turno de votação.
Dona Olga faz parte dos 13,76% dos 14.522.090 eleitores mineiros com mais de 70 anos aptos a votar este ano, segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG). Na capital mineira, 144.941 eleitores se encaixam nessa faixa etária que, por lei, tem o voto facultativo. `Eu acho que todo cidadão deve escolher o seu candidato para melhorar as cidades e o país`, afirma.
Emocionada, ela lembra a primeira vez que votou, em 1932, ano em que as mulheres brasileiras conquistaram o direito ao sufrágio. Nascida em Ouro Preto (MG), a centenária vem de uma família de feministas, em que as mulheres andavam nas ruas sozinhas, trabalhavam, estudavam e fizeram questão de ir ao cartório eleitoral quando conquistaram esse direito. “Lembro que eu era uma das pouquíssimas mulheres na fila do cartório. Não sei mais em quem votei, mas sei que escrevi meu nome em um papel e coloquei na urna”, conta.
Na lembrança de dona Olga, um dos personagens políticos inesquecíveis é o ex-presidente Juscelino Kubitschek. “Ele é de quem tenho mais conhecimento, mais recordações”, diz. Para dona Olga, JK foi muito importante para o país, por ter construído Brasília, fato que considera um estímulo ao progresso econômico da nação. A criação da Lagoa da Pampulha, quando Juscelino era prefeito, também foi inesquecível para ela.
Depois do regime militar e da chegada das eleições diretas para presidente, dona Olga diz que votou em Fernando Collor de Mello, em 1989, quando morava no Rio de Janeiro. Segundo ela, naquela época havia uma sensação gratificante de direito reconquistado pelos eleitores, depois de tantos anos de ditadura. Ela também acompanhou de perto a trajetória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e diz que se “simpatiza” e “gosta muito” dele.
Dona Olga só não sabe o que responder quando a pergunta é se a classe política melhorou nos últimos anos. Ela apenas compara a situação política atual e acredita que está melhor do que há décadas atrás. “As urnas eletrônicas, por exemplo, são uma evolução. São mais fáceis do que era antigamente.” Outro avanço na cidadania do país, segundo ela, é a evolução da consciência do eleitor. A mineira lembra que, há alguns anos, as pessoas trocavam o voto por qualquer coisa, “até por uma botina”.
“Colinha” Quando entra na cabine para digitar os números dos candidatos, dona Olga diz que não dispensa a “colinha”, com os nomes, escritos no papel, de todos aqueles que vão merecer seu voto. “Ainda mais este ano, que teremos de votar seis vezes”, justifica. A eleitora diz que ainda não escolheu em quem vai votar nas eleições de outubro, mas garante que pretende acompanhar o horário eleitoral gratuito para se informar melhor sobre as propostas. “Também converso com as pessoas e ouço opiniões.” Para ganhar o voto de dona Olga, o candidato deve ter simpatia e passar confiança. “Em todas as eleições que participei, todos que receberam meu voto ganharam.”
Correio Braziliense
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