quinta-feira, 26 de agosto de 2010

MEDO QUE FAZ FICAR VELHO

Quem não morre, velho fica.

Ë a lei do criador

Dê graças a Deus, doutor.

Se a velhice lhe caustica



Ficar velho é uma arte

Daquele que ali chegou

Por tudo quer já passou

Da vida é um baluarte



Meu medo de ficar velho

É ser um velho ridículo

Daqueles com dor no joelho

Morar sozinho, num cubículo.

Dizer que é bem dotado

E ter que andar com cuidado

Pra não pisar nos testículos



Metido a conquistador

Atleta bom, garanhão.

Rico, solteiro, doutor.

Importante, fanfarrão.

E embaixo do cobertor

Ser um velho roncador

Sujo, safado e peidao



O povo gritar na rua

Oh velho mala sem alça

E ele atrás de mulé nua

Dançarino, pe de valsa.

De tudo, ele é professor.

Mas não diz quem lhe ensinou

Mijar nas pernas das calcas



Cagar não limpar a bunda

Mijar e ficar molhado

A cueca suja, imunda.

Os ovos la pendurado

E ainda ter a sorte

Do pau servir de transporte

Pro mijo que ta guardado



Viver so fazendo hipótese

Dizendo ser maioral

No corpo todo tem prótese

Nos dentes, no femural

Uma prótese no nariz

E ainda ser feliz

Se botar uma no pau



Usar aquela bengala

De quem já não gala bem

Antes galou muita gente

Hoje não gala ninguém

Mesmo querendo galar

Procura gala e não tem

Zé Limeira foi preciso

Menino e véi têm juízo

Pra se comprar com vintém



De tudo que ruim nessa vida

Com o véi tem comparação

Quem gosta é fundo de rede

Panela sem ter pressão

Vovo, coroa, morgado

Transportador de cunhao

E ainda vem um desgraçado

Lhe chamando de safado

Corno, bandido e ladrão



vavadaluz, nascido na cidade de Ingá do Bacamarte na Paraíba é consagrado poeta popular.

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