I
O ano está se findando:
Brasileiros à exaustão;
Cuecas e meias repletas,
Sem saber da prestação,
E o Congresso parado,
Sem vida, anestesiado,
Carente de vibração.
II
É demais o paradeiro
Quando chega o fim de ano:
Haja recesso sagrado
Em tanto intento profano,
A tara brasiliana
Deita nua em uma cabana
E a rua coberta de pano.
III
Na solidão do Planalto,
Uma nova contemplação:
Quem é bom se chame certo;
Quem conteste tenha razão
E a musa da alegria
Venha declamar poesia
No meio da multidão.
IV
O poder mais democrático
É o Congresso Nacional,
Composto por deputados
(A opinião geral)
E também por senadores,
Vetustos e velhos senhores
Do poder estadual.
V
Pois espalham congressistas
O seu poder garanhão:
A abundância de moças
Se vendendo à prestação,
Dia e noite, noite e dia,
Uma dose de orgia
Amplifica a ilusão.
VI
Minha amiga Jane Mary
Me disse no Sudoeste
Que ela só gosta mesmo
De homens lá do Nordeste,
Pois, na hora da furunfa,
Eles dão muita bufunfa
Porque são cabras da peste.
VII
Enquanto seu senador
Alega que é garanhão
E o deputado do povo
Afirma que é gostosão,
Falando em sentido inverso,
O raio X do Congresso
Mostra outra dimensão.
VIII
Pois não é que o raio X
No mesmo instante filmou,
Na hora que a deputada
Com sua bolsa passou,
Junto a um bolo de dinheiro,
Maço de cigarro e isqueiro,
Um potente vibrador.
IX
Dimensão avantajada,
Porém não descomunal,
Estava bem enrolado
Num enfeite de natal,
Desejando dia feliz,
Dizendo que este é um País
De porte continental.
X
E, pra surpresa de todos,
Um dia antes do recesso,
Na portaria do Senado,
Reformador do Congresso,
Um vetusto senador
Carregava um vibrador
Com a frase “Ordem e Progresso”.
Miguem Lucena é natural de Princesa Isabel na Paraíba. Atualmente é delegado de polícia em Brasília.
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